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Turismo pós-pandemia: “Roteiros veganos, petfriendly e sustentáveis são o futuro”

Para a viajante profissional Andrea Miramontes, “gastronomia é muito mais ampla do que só um animal no prato”, animais são como “filhos” e roteiros verdes são tendência.

À medida que o mundo vai, aos poucos, abandonando as máscaras e retomando uma certa normalidade, quem não sente vontade de fazer as malas e viajar sem se preocupar com o perigo invisível? Mas, se o mundo já não é o mais mesmo, o perfil de turistas também não.

Para a “viajante profissional” Andrea Miramontes, novos hábitos à mesa e relações mais conscientes com os animais e o meio ambiente prometem desafiar o setor. “Roteiros veganos, petfriendly e sustentáveis são o futuro”, diz a especialista por trás do portal Lado B Viagem.

Ela fala com a bagagem de quem já rodou o mundo (e passou muito aperto) como jornalista atrás de boas histórias e que, nos últimos 9 anos, resolveu empreender, criando uma plataforma inédita para reunir roteiros veganos, petfriendly e sustentáveis. “Hoje, você pode perder um turista se tratar mal o cachorrinho dele ou se tirar um sarro porque ele é vegano ou vegetariano. E também pode perdê-lo se não tiver compromisso com a sustentabilidade“, garante.

Só no Brasil, o turismo acumulou perdas de mais de R$ 474 bilhões em dois anos de pandemia. Quem apostar em recepções e experiências que respeitem as pessoas, o ambiente e os animais sairá na frente nessa retomada, segundo ela. “O Brasil é um dos países que está despontando na comida vegana e na criatividade. Tenho me surpreendido muito com os restaurantes onde tenho ido, eu acho que estamos num caminho bom”, conta Andrea ao podcast Vida Sem Carne.

Vegetariana há mais de vinte anos, dona de duas duas cachorras viajantes e sempre atenta ao seu impacto ambiental, ela compartilhou com o Um Só Planeta dicas para viajar com o bichinho de estimação, aproveitar a gastronomia local sem peso na consciência e, tudo isso, claro, respeitando as características sociais e ambientais do destino escolhido.

“É hora de abrir os olhos para ver o entorno do lugar que vai visitar, saber como seu dinheiro será empregado. É bom saber que estamos ajudando um lugar e não apenas explorando a riqueza dele”, defende. Na conversa, ela alerta sobre a prática do “greenwashing” no setor e como fazer para não cair na propaganda enganosa.

Para o viajante, recomenda: a boa viagem começa com planejamento, principalmente se envolver os pets. “É como viajar com uma criança, você não pega uma criança, põe dentro do carro e vai embora sem olhar se o lugar para onde está indo tem acomodação própria e diversão para ela”, compara. O roteiro para o bom destino petfriendly deve considerar desde o meio de transporte, passando pela infraestrutura do hotel, até as opções de passeio com os bichinhos. “[O destino] tem que receber com excelência, não basta apenas tolerar os animais”, crava.

NOVOS SABORES

Dentro do planejamento, a alimentação tem um peso importante, especialmente para vegetarianos ou veganos. A visita ao mercado local é indispensável, assim como carregar aquele lanchinho coringa na bolsa para não passar sufoco quando a fome apertar no meio de um passeio. “Isso vale para qualquer pessoa preocupada com alimentação na verdade”, diz.

Para quem curte um turismo gastronômico clássico, se informar sobre as ofertas de bares e restaurantes com opções de menu sem carne ou outros derivados de animais é regra de ouro. “Felizmente, muitos restaurantes e hotéis hoje estão se adaptando para essas novas demandas”, comemora Andrea, destacando que a gastronomia de um lugar vai muito além dos animais.

“São os temperos locais. São as frutas e vegetais. Você não perde experiência gastronômica, você transforma a sua experiência gastronômica ao tirar os animais do prato. Assim como a experiência cultural…ela vai além da comida, envolve dança, música, língua, o contato com as pessoas do local. A cultura é muito mais ampla do que só a gastronomia e a gastronomia é muito mais ampla do que só um animal no prato”, define.