Não há mais crianças em Hawkins no Volume 1 do novo ano da série, que estreia nesta sexta-feira (27), com começo lento, mas trama mais interessante e madura.
Desde que estreou, em 2016 (há quase seis anos!), “Stranger things” sempre pôde contar com a fofura quase imensurável de seus protagonistas. A quarta temporada da série, cujo “Volume 1” estreia nesta sexta-feira (27), aceita que a infância de seu elenco principal é coisa do passado e abraça de vez sua adolescência, com todas as vantagens e as dores que a acompanham.
Os sete episódios que compõem essa primeira parte – os dois últimos estreiam na Netflix apenas em 1º de julho – são instáveis, inconstantes e sofrem com foco disperso, principalmente no começo.
Mas, com o tempo, ganham forma e mostram que o caos tem um certo propósito, escorado principalmente em uma narrativa mais madura, complexa e com muito mais terror do que as temporadas anteriores.
Há sangue, sustos e de longe o melhor vilão da série até o momento. Há também, finalmente, algumas respostas a mistérios que assombram a história desde o começo.
Coisas cada vez mais sinistras
Os irmãos criadores da série, Matt e Ross Duffer, já classificaram esta como a mais “Game of thrones” de suas temporadas – uma referência às diferentes linhas narrativas do enredo (e não, se tudo der certo, à qualidade duvidosa de seu desfecho).
Os protagonistas nunca estiveram tão separados quanto no começo deste quarto ano e, ao longo dos episódios, se dividem ainda mais. Enquanto parte da turma sofre para se adaptar após a mudança para a Califórnia, aqueles que ficaram em Hawkins precisam desvendar uma série de assassinatos terríveis.
Mais longe ainda está Hopper (David Harbour). Detido e torturado em uma prisão soviética, o antigo policial busca uma forma de fugir – por mais que talvez haja um pedacinho do Mundo Invertido mais perto do que ele imagina.
Parece muita coisa e realmente o é. Ao longo de todos os sete episódios, é difícil lembrar exatamente quem está onde e fazendo o que.
Tamanha divisão potencializa o ritmo da temporada. No começo, enquanto personagens ainda se situam e relembram situações da trama anterior, a história se arrasta.
Quando os novos mistérios se acumulam e algumas respostas finalmente dão as caras, no entanto, o andamento parece mais acelerado do que nunca.
Com isso, é difícil negar que a ação merecia ser melhor distribuída pelos capítulos, para evitar a fadiga do público diante de alguns clichês e outros momentos mais monótonos.
Mas, dentro da estratégia de maratonas da Netflix, até faz algum sentido. Mais do que uma série com sete episódios, este é um filme dividido em longas partes.
E “Stranger things” nunca foi tão longo. Cada capítulo tem cerca de o dobro da duração das temporadas anteriores, algo que é irritante no início mas que se torna um trunfo conforme a qualidade do enredo cresce.
No fim, o Volume 1 triunfa em seu objetivo principal e deixa os fãs, ao mesmo tempo:
Por isso, um conselho. Vale degustar aos poucos esta primeira parte – sob risco de ter um mês de junho dos mais longos pela frente.
FONTE: G1 (https://g1.globo.com/pop-arte/tv-e-series/noticia/2022/05/26/stranger-things-abraca-terror-confusao-e-instabilidade-da-adolescencia-na-4a-temporada-g1-ja-viu.ghtml)