Rainha Charlotte: Uma História Bridgerton chegou no começo de maio na Netflix e se tornou um sucesso ao centrar a narrativa na monarca (interpretada por Golda Rosheuvel e India Amarteifio, na versão jovem) e seu relacionamento com Rei George III. Com a trama baseada em pessoas reais, é normal os fãs ficarem em dúvida entre o real e o fictício na nova produção, apesar de logo na abertura haver o seguinte aviso: “Esta é a história da Rainha Charlotte de Bridgerton. Não é uma aula de história, é ficção inspirada em fatos. Todas as liberdades tomadas pela autora são bastante intencionais“.
O Omelete também ficou curioso e foi atrás de mais detalhes dessa história. Saiba o que é verdade e o que é fantasia no novo derivado da Netflix:
O casal real existiu: Jorge Guilherme Frederico e Sofia Carlota de Meclemburgo-Strelitz tiveram o reinado marcados por disputas políticas no parlamento britânico e uma série de conflitos contra a França e os Estados Unidos que, na época, estava se tornando um país independente.
Historiadores acreditam que ela foi a primeira figura real com ascendência africana na linhagem britânica. De acordo com uma matéria da BBC, o historiador Mario de Valdes y Cocom, especialista em diáspora africana, relatou ter encontrado fortes indícios de que Charlotte era descendente de Madragana Ben Aloandro, uma africana que foi amante do rei português Afonso III (1210-1279).
Mesmo nas pinturas de Allan Ramsay, que também aparece na série, ela é retratada como uma mulher branca, mas há indícios de traços negros em seu rosto – conforme é visto na imagem acima.
A série mostra a rainha cercada de cachorros da raça Lulu da Pomerânia, demonstrando como a monarca era solitária, uma vez que seu marido foi ficando cada vez mais acamado. Esse detalhe também foi baseado na vida real, pois Charlotte trouxe dois cães para a Inglaterra, quando se casou com George. Essa paixão pelos animais foi levada também para os seus filhos, tanto que Rei George IV e a sua filha Victoria tiveram um programa de reprodução dedicado à raça.
Além dos animais, a rainha era uma apreciadora da arte e tinha uma ligação próxima com artistas, principalmente por Wolfgang Amadeus Mozart, que também aparece na série. O músico conheceu Charlotte aos 8 anos, quando passou quinze meses com sua família em Londres, e compôs seis sonatas em homenagem à monarca.
Netflix/Divulgação
Novamente, a série se baseou no episódio verídico do casal. Charlotte nasceu e cresceu no norte da Alemanha até os 17 anos, quando foi para a Inglaterra sendo prometida para se casar com o monarca. O rei fez o pedido de casamento em julho de 1761, mas a cerimônia só aconteceu em setembro, quando a nobre chegou a Londres para se encontrar pela primeira vez com George.
Ao longo dos 57 anos de casamento, Charlotte teve ao todo 15 filhos, mas dois não viveram até a fase adulta. Assim como na série, a realeza sentiu pressão de ter um herdeiro legítimo, pois a esposa do Rei George IV e seu bebê morreram no parto e a família precisava de um sucessor.
Netflix/Divulgação
Tanto o George da vida real quanto o de Bridgerton se interessavam por estudar. Ele foi o primeiro monarca a estudar ciências, química e física, seus estudos também incluíam astronomia, matemática, francês, latim, história, música, geografia, comércio, agricultura e direito constitucional. O nobre tinha bastante interesse por plantação e assuntos mundanos para além de política.
Na série, o maior drama foi sobre a enfermidade de George III, que o fazia ter devaneios. Não houve um diagnóstico oficial, por conta das limitações da ciência e medicina na época, mas acredita-se que ele sofria de algum distúrbio mental ou porfiria, uma doença congênita que pode gerar alucinações e paranoia. A doença se agravou quando ele ficou mais velho e com a morte de Amélia, sua filha mais nova.
Apesar de a produção focar mais no rei debilitado, ele governou de 1760 até 1820, durando seis décadas no poder, sendo um dos monarcas que reinou por mais tempo na Inglaterra, sendo superado pela Rainha Victoria, com 63 anos de governo, e pela recente Rainha Elizabeth II, com 70 anos de reinado. O rei é a mesma figura que aparece no musical Hamilton, sendo lá interpretado por Jonathan Groff.
Na trama, a Princesa Augusta (Michelle Fairley), mãe de Rei Jorge, com o Parlamento fazem o “Grande Experimento”: um movimento social de dar títulos a nobres negros e pessoas não-brancas para deixar a Rainha Charlotte mais à vontade no palácio, abrindo discussão para as falhas desse sistema implantado sem o interesse benevolente.
Apesar da franquia mostrar uma Inglaterra mais diversa, não houve esse experimento social na vida real, mas foi um recurso que a produtora executiva Shonda Rimes usou como licença poética para trazer mais representatividade e evitar o apagamento histórico que aconteceu ao longo dos séculos. “Muitos historiadores acreditam que a rainha Charlotte era de herança cultural mista”; disse o diretor da série Tom Verica. “Queríamos levar isso em uma direção diferente do que os livros de história dizem que aconteceu – que era basicamente enterrar isso e não lidar com isso”. Dessa forma, Rainha Charlotte quis trazer uma luz para esses assuntos.
FONTE: Omelete (https://www.omelete.com.br/series-tv/rainha-charlotte-bridgerton-real-ficcao#91)