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Opinião: Ana Marcela Cunha é a maior atleta da história do Brasil

Campeã olímpica, mundial e eleita sete vezes a melhor nadadora do planeta, Ana Marcela está na seleção desde os 14 anos e, aos 30, ainda tem lenha para queimar e aumentar lista de conquistas

Ana Marcela Cunha é campeã de tudo: olímpica, mundial, do Circuito Mundial, dos Jogos Pan-Americanos, dos Jogos Sul-Americanos, dos Jogos Mundiais de praia, Jogos Mundiais militares, já foi eleita sete vezes a melhor nadadora do mundo pela Federação Internacional de Natação e faz parte do hall da fama da modalidade. E essa lista ainda vai crescer, porque ela está com 30 anos em uma modalidade em que é comum competidores com 35 ou 36 se destacarem.

Isso tudo somado a fatores fora d’água, como um profissionalismo exemplar que a faz ter pouquíssimas lesões, o carisma e a naturalidade ao falar com atletas, imprensa e público, e a força de superação após vários contratempos na carreira a fazem ser a maior atleta da história do país nos esportes olímpicos. O que não significa que seja a maior atleta em Olimpíadas (são várias brasileiras com mais medalhas que ela), mas sim com a carreira mais completa somando todas as competições que compõem um ciclo.

Antes de esmiuçar a Ana Marcela, é claro que vale falar da importância e do tamanho de tantas mulheres no esporte nacional. No vôlei feminino, por exemplo, temos seis bicampeãs olímpicas (Fabi, Fabiana, Jaqueline, Sheila, Thaísa e Paula Pequeno). Na vela, Martine Grael e Kahena Kunze também conquistaram dois ouros em Olimpíadas. Rafaela Silva, Jaqueline Silva, Sandra Pires, Sarah Menezes, Maurren Maggi, Rebeca Andrade e muitas outras também são ícones indiscutíveis. Isso sem contar os nomes dos esportes coletivos como Hortência, Paula, Janeth, Marta, Formiga, Cristiane e por aí vai…

Mas o texto de hoje é para falar de Ana Marcela Jesus Soares da Cunha, essa baiana de 30 anos, que está na seleção brasileira desde 2006, quando tinha 14. Que com 16 anos ficou em quinto lugar nas Olimpíadas de Pequim em 2008, muito perto da medalha. Mas que só voltou a brigar diretamente pelo pódio olímpico 13 anos depois, em Tóquio, quando conquistou o título.

Entre as inúmeras barreiras que teve na carreira, as maiores aconteceram nas Olimpíadas. Não conseguiu a classificação para os Jogos de 2012 por conta de menos de um segundo. Na seletiva, ficou em 11º em uma competição que valia dez vagas olímpicas. E o ressurgimento foi imediato: dois dias depois, era campeã mundial dos 25km pela primeira vez na carreira.

Para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, fez um ciclo consistente, sempre no pódio das principais competições. Uma internação às vésperas do evento fez Ana Marcela mudar a preparação. Na prova olímpica, foi 10ª colocada, não conseguindo repetir, nem de perto, o que fez durante todo o ciclo.

Mais um ressurgimento rápido: no ano seguinte ganharia mais três medalhas no Mundial de 2017, temporada em que ganharia pela quarta vez o prêmio de melhor nadadora de águas abertas do mundo pela Federação Internacional de Naratação (Fina). Ela ainda repetiria esse feito em 2018, 2019 e 2021, ano que marcou o maior feito de sua carreira.
 
Nas Olimpíadas de Tóquio veio a medalha de ouro de uma forma dominante. Controlou totalmente a prova desde o início. Seguiu exatamente a estratégia programada, passando cada volta na posição que deveria passar. Assumiu a ponta nos últimos dois quilômetros para não perder mais e conquistar o título mais importante da carreira.
 

Para manter a motivação em alta, o brilhante técnico Fernando Possenti, ainda em Tóquio, menos de cinco minutos depois da pupila bater na frente, disse em uma fala que foi pega pela transmissão da TV: agora vamos buscar o título mundial dos 10km.

Esse título mundial de 10km, que é considerada a principal distância da modalidade, ainda não veio. No Mundial encerrado nesta semana, ela ficou mais uma vez com o bronze. Na carreira, ela tem quatro pódios nesta distância: prata em 2013, bronze em 2015, 2017 e 2022. É uma pequena lacuna que com certeza mantém a motivação para Ana Marcela seguir competindo, mesmo já tendo ganho praticamente tudo na modalidade.

A carreira de Ana Marcela está longe do fim. Ainda bem, ainda virão muitas medalhas para a coleção da maior atleta do Brasil da história dos esportes olímpicos

AS MEDALHAS DE ANA MARCELA EM CAMPEONATOS MUNDIAIS

🥇25km 2011 (Shangai, China)
🥇25km 2015 (Kazan, Rússia)
🥇25km 2017 (Budapeste, Hungria)
🥇5km 2019 (Gwangju, Coreia do Sul)
🥇25km 2019 (Gwangju, Coreia do Sul)
🥇5km 2022 (Budapeste, Hungria)
🥇 25km 2022 (Budapeste, Hungria
🥈10km 2013 (Barcelona, Espanha)
🥈Equipes 2013 (Barcelona, Espanha)
🥉5km 2010 (Mundial de águas abertas, não o de Esportes Aquáticos – Roberval, Canadá)
🥉5km 2013 (Barcelona, Espanha)
🥉10km 2015 (Kazan, Rússia)
🥉5km 2017 (Budapeste, Hungria)
🥉10km 2017 (Budapeste, Hungria)
🥉 10km 2022 (Budapeste, Hungria)