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Empreendedor fatura R$ 600 mil por mês com padaria artesanal

Apostando em harmonização com vinhos, Felipe Santiago abriu a Bagueri, que já tem unidades em Belo Horizonte e São Paulo.

O empreendedor Felipe Santiago se descreve como “muito ligado às pessoas”. Até cursou psicologia por se interessar por interações sociais, mas se encontrou mesmo como dono de restaurante.

Depois de empreitadas bem-sucedidas em Belo Horizonte com a pizzaria Olegário e com o restaurante japonês Udon, ele colocou em prática um sonho antigo com o tempo livre que acabou tendo na pandemia: abrir uma padaria.

Oferecendo pães de fermentação natural e harmonização com vinhos, a Bagueri tem duas unidades na cidade mineira e desembarcou em São Paulo no fim de 2021, com planos de expansão ao longo deste ano.

Nascido e criado no interior de Minas Gerais, o empreendedor percebeu que a relação dos consumidores com as padarias havia mudado com o tempo. O pão, antes a grande estrela, virou coadjuvante em estabelecimentos grandes, que viraram lojas de conveniência.

“A parte da venda dos pães ficou meio perdida, o tíquete é baixo. No meu projeto, a loja seria pequena, com foco no pão e um empório pequeno de produtos que compõem com ele”, conta.

Quando viajava para fora do Brasil, Santiago gostava de frequentar padarias e incrementar o seu projeto dos sonhos. Tirava fotos e juntava materiais de referência, mas faltava tempo para colocar o plano em prática. “Tempo foi o que eu mais tive na pandemia. Juntei o que eu tinha guardado e criei o modelo de negócio que já gostava, por satisfação pessoal”, explica.

Com capital próprio e crédito bancário, ele investiu R$ 500 mil na primeira loja da Bagueri, em Belo Horizonte, aberta em novembro de 2020.

Santiago já tinha experiência no ramo da alimentação e do empreendedorismo. Em 2012, decidiu levar o projeto Na Mata Café, misto de bar, restaurante e balada de São Paulo, para Belo Horizonte. Pela admiração que tinha pelo estabelecimento, sentia que sua cidade precisava vivenciar algo semelhante. “Deu super certo. Foi o cartão de visitas para a minha entrada na cena empresarial de BH”, comenta.

O negócio durou três anos, quando as baladas da cidade começaram a perder terreno para festas em espaços abertos, segundo o empreendedor. Mas o projeto trouxe novos frutos para Santiago. Em 2014, foi procurado pelo gerente de um hotel da rede Accor de Nova Lima, cidade da região metropolitana de BH, que desejava abrir uma filial do Na Mata em um espaço anexo ao hotel. “Eu já sabia que ia encerrar o projeto, mas via a região crescendo muito, não queria perder a oportunidade. Sugeri a abertura de uma pizzaria porque a área tinha muitas famílias para pedirem delivery”, revela.

Ele abriu a pizzaria Olegário no local, com entrada independente pela rua. O estabelecimento também presta o serviço de café da manhã e serviço de quarto aos hóspedes. O modelo de negócios deu tão certo que foi reproduzido dois anos depois, em Belo Horizonte, em outro hotel da rede, desta vez com o Udon, especializado em comida japonesa. “Eu sabia que todos os moradores do bairro tinham que ir até a outra ponta da cidade para poder comer sushi. Segui o mesmo modelo e já estamos lá há seis anos”, conta.

Para seu terceiro restaurante, o empreendedor apostou na culinária italiana mais uma vez. Ele montou o Eva Cucina, focado em massas artesanais, pouco antes da pandemia. Depois de sete meses de operação, precisou fechar as portas para cumprir com as medidas de restrição para contenção do coronavírus. “Foi um grande estrago. Na hora em que pudemos retornar, eu tinha um restaurante ainda novo, mas que não era mais novidade. Não consegui atrair quem ainda não tinha conhecido. Achamos melhor não gastar energia, tempo, nem dinheiro. Foi uma decisão difícil, mas foi efeito colateral da pandemia”, lamenta. O estabelecimento fechou de vez em dezembro de 2021.

Mas o encerramento das atividades do Eva não desanimou Santiago. Ele continua acreditando em seu feeling de proporcionar experiências que gostaria de frequentar. “Dizem muito para pensar fora da caixa, mas não sei se fiz isso. Fiz coisas óbvias: pizzaria, comida japonesa e agora padaria. Não criei a roda, mas criei caminho para os meus negócios com bons pontos e investindo no diferente”, pontua.

PÃO E VINHO

Depois de abrir duas unidades da Bagueri em Belo Horizonte, o empreendedor iniciou a expansão para São Paulo com uma loja no bairro de Higienópolis, inaugurada em dezembro de 2021. “O que sempre me encantou em São Paulo são a concorrência e a qualidade. Quem mora na cidade está aberto a conhecer lugares novos. Eu sabia que a concorrência seria pesada e que ninguém me conhecia em São Paulo, então cheguei com muita humildade, entendendo meu tamanho e respeitando os nomes mais tradicionais”, afirma. A expectativa é alcançar o faturamento das lojas mineiras, que giram entre R$ 200 mil e R$ 300 mil por mês. 

Além de 20 pães de fermentação natural, como croissants, baguetes e danishs, as lojas contam com um mini empório que vende produtos de pequenos produtores mineiros, incluindo queijos, manteigas e geleias. Além do tradicional cafezinho, moído e coado na hora, a aposta da Bagueri é nos vinhos: são 40 rótulos ofertados em parceria com a importadora Mistral, com sugestão de harmonização com os itens que podem ser consumidos nas lojas. “Não quero que fiquem ali o dia inteiro para trabalhar. Quero que visitem para se divertir, desligar-se do estresse”, diz.

Os pães, vinhos e produtos mineiros também podem ser comprados por delivery (aplicativos e próprio, via WhatsApp). Mais lojas em Belo Horizonte e São Paulo estão nos planos para 2022, dentro de cafeterias e livrarias, que contarão com um espaço Bagueri.