Seleção sofre – e muito – nas primeiras parciais, mas acelera no fim e garante vaga na próxima fase. Equipe de José Roberto vai encarar a Sérvia, que derrubou os EUA, atuais campeões olímpicos
Qualquer facilidade que o placar possa indicar é falsa. Contra o Japão, o Brasil sofreu. E muito. Depois de um início perdido em erros, a seleção de José Roberto Guimarães teve o mérito de lutar todo o tempo. Na marra, virou um set improvável e abriu caminho para uma difícil vitória nas quartas de final da Liga das Nações. Por 3 sets a 1, parciais 29/27, 28/26, 20/25 e 25/14, garantiu a vaga nas semifinais da competição, em Ankara, na Turquia.
Com o resultado, o Brasil vai encarar a Sérvia na semifinal no próximo sábado – o horário ainda será confirmado pela organização. O time europeu surpreendeu ao derrubar os Estados Unidos em um jogaço na outra chave. Atuais campeãs olímpicas e tricampeãs da Liga das Nações, as americanas ficaram pelo caminho. Em 3 sets a 2, parciais 29/27, 25/23, 20/25, 20/25, 15/13, as sérvias garantiram a classificação inédita para a semifinal. As americanas ficarão sem o título pela primeira vez.
O resultado talvez anime o torcedor. Na fase de classificação, o Brasil venceu a Sérvia na etapa de Brasília – até com alguma facilidade. As brasileiras, por outro lado, caíram para as americanas ainda na primeira rodada de jogos da Liga.
– Primeiro, preciso de um tempo para respirar (risos). Esses jogos com o Japão são sempre muito difíceis, sempre bola a bola. Estou muito orgulhosa do nosso time. Ficamos atrás desde o primeiro set. Mantivemos a energia, respiramos e fomos atrás. Acho que essa é a diferença do nosso time – disse Gabi, capitã do time.
Resumo do jogo
Foi um início muito ruim do Brasil. No primeiro set, 14 erros no total. Aos poucos, a seleção se acertou e conseguiu uma virada improvável na parcial. O time de Zé Roberto melhorou, mas ainda assim foi um jogo duro. O Japão, incansável na defesa, também se mostrou firme no ataque, mesmo mudando as peças durante todo o tempo. No fim, porém, o Brasil conseguiu se impor para garantir a vaga nas semifinais.
Gabi foi a maior pontuadora, com 23 pontos – 22 de ataque e um de bloqueio. Kisy, com 22, foi outro destaque, assim como Julia Bergmann, com 17. Natinha, titular, foi outra peça essencial na partida, com bom posicionamento e boas defesas. Do outro lado, Hayashi, com 16 pontos, e Koga, com 14, foram os principais nomes.
1° set – Brasil começa mal, mas chega à virada
Uma largadinha de Kisy deu início à contagem. Koga, principal jogadora do outro lado, respondeu logo na sequência. Não era assim tão simples. Durante a maior parte da Liga, o Japão se mostrou firme. Caiu de produção na última etapa da fase de classificação, é verdade, mas queria voltar à melhor fase na abertura das finais. O Brasil não teve um bom início. Com muitos erros, abriu espaço para que as japonesas fizessem 12/9 antes da parada técnica.
O Brasil até tentou encostar por um momento. Mas os erros pesavam. Em dois ataques em sequência, Gabi tirou muito a bola, e o Japão abriu 18/12. Zé mudou. Na inversão, mandou Lorenne e Roberta à quadra. A contagem chegou a marcar 21/14 para o outro lado. Aos poucos, na marra, o Brasil cresceu. E chegou. Numa pancada de Julia Bergmann, 21/21 no placar. A virada foi justamente num erro japonês, com uma bola para fora de Ogawa. O jogo se estendeu, mas o Brasil confirmou uma virada improvável diante de um começo tão ruim. No bloqueio de Kisy, 29/27 no primeiro set.
2° set – Na marra, Brasil amplia
O Japão não se assustou. O time asiático repetiu o ritmo do início do primeiro set e abriu 7/4. Zé Roberto, então, se valeu da mudança de regras para as finais, com a possibilidade de um pedido de tempo até o 12° ponto, e parou o jogo. A partida inverteu os parâmetros. O Brasil já não errava, mas as rivais eram mais eficientes no ataque. No tempo técnico, 12/9 para as japonesas. Mas uma largadinha de Macris fez a seleção chegar ao empate em 12/12 logo na volta.
As japonesas se desgrudaram mais uma vez no placar, mas o Brasil não demorou a buscar. No bloqueio de Kisy, 16/15 no placar para o time de Zé Roberto. A seleção abriu vantagem e marcou 21/18 com Lorenne, em quadra depois da inversão. Só que os erros que não haviam aparecido até ali deram as caras, e o Japão chegou ao empate. O Brasil até voltou a abrir, mas as rivais passaram à frente em um bloqueio sobre Gabi (26/25). Só que havia tempo para uma nova virada. Em um erro de Koga, 28/26 para o Brasil.
3° set – Brasil vacila no fim, e Japão respira
O Japão acelerou na volta à quadra. Abriu 3/0 e assustou o lado brasileiro. Era um exercício profundo de paciência. O Brasil buscava, as rivais desgrudavam. Na primeira parada técnica, assim como nas primeiras parciais, as asiáticas apareceram à frente, com 12/10. Dava para complicar ainda mais. O Japão abriu 16/11 com rapidez, sob a vista preocupada de Zé Roberto.
O Brasil, mais uma vez, foi buscar. Um saque de Rosamaria fez a diferença cair para apenas um ponto, em 19/18. O técnico Masayoshi Manabe parou o jogo para esfriar a reação. Não funcionou. Um pouco depois, em um erro japonês, a seleção chegou ao empate em 20/20. As japonesas, porém, voltaram a abrir em 22/20. E um golpe do azar derrubou de vez o Brasil na parcial. Um saque para fora das japonesas daria um respiro para a seleção. A arbitragem, porém, marcou bola dentro. Sem mais desafios a pedir, Zé só pôde lamentar. Na sequência, o Japão fechou em 25/20.
4° set – Brasil acelera e fecha o jogo
Foi a vez de o Brasil querer acelerar. Mordido pela queda na parcial anterior, a seleção abriu 6/3 na volta à quadra. Era um jogo diferente. Na pancada de Kisy, depois de mais um rali, 10/5 na conta. Pela primeira vez na partida, 12/7 a favor das brasileiras na parada técnica. Àquela altura, era na raiva. Com mais um belo ataque de Gabi, 16/8 no placar.
O Japão até tentou voltar à briga, mas o Brasil não deu espaço. Com autoridade, a seleção se impôs e caminhou para uma vitória surpreendentemente tranquila na parcial. Impecável no bloqueio e eficiente no ataque, o time brasileiro fechou a partida em 25/14.