Mesmo tendo que atravessar o temido e chacoalhante estreito de Drake para chegar lá, as viagens turísticas à Antártica são cada vez mais tranquilas e confortáveis.
Enquanto vocês lêem esta coluna, estou no “fim do mundo”. Tenho o prazer de, mais uma vez, navegar por mares antárticos! Regressar ao meu destino de tantos sonhos dessa vez tem um gostinho ainda mais especial: estou viajando a bordo do SH Minerva, da Swan Hellenic Cruises, um navio novinho em folha, criado especialmente para explorar os pólos.
A Antártica (ou Antártida, tanto faz) sempre foi um dos meus grandes sonhos de viagem. Desde adolescente era apaixonada pelas histórias dos grandes exploradores do continente, do heróico Shackleton às viagens de Amyr Klink. Há dez anos, vim para o continente branco pela primeira vez, numa viagem espetacular, que foi melhor ainda do que eu poderia imaginar. Um continente que parece outro mundo.
Mesmo tendo que atravessar o temido e chacoalhante estreito de Drake para chegar lá, as viagens turísticas à Antártica são cada vez mais tranquilas e confortáveis. A gente consegue explorar as belezas deste continente tão inóspito sem abrir mão dos confortos aos quais estamos acostumados. E esta não está sendo diferente.
O NOVO SH MINERVA DA SWAN HELLENIC CRUISES
O SH Minerva é um navio de alto padrão (“highly elegant”, como a companhia define) criado especialmente pela Swan Hellenic Cruises para explorar os polos terrestres com conforto e segurança. Inspirado nos “ice breakers”, tem tecnologias e autossuficiência para longas navegações em gélidas regiões, e ainda conta com modernos estabilizadores para tentar tornar ao menos um pouco menos incômoda as travessias dos mares mais rebeldes.
O grande propósito do navio vai ser explorar os pólos norte e sul, ártico e antártico, anualmente; mas fará outros roteiros enquanto se desloca entre os polos também. Sua viagem inaugural com passageiros aconteceu há menos de dois meses, zarpando do porto de Ushuaia para a Antártica no dia 28 de dezembro. Tem apenas 76 cabines – sendo 60 delas com varanda -, capacidade máxima de 152 passageiros; mas tem operado nesta primeira temporada com 100-130 passageiros a bordo (somos apenas 99 nesta minha viagem), tornando a jornada ainda mais tranquila e prazeirosa.
As cabines são muito espaçosas e confortáveis, com saleta completa, quarto, bons banheiros e deliciosas varandas. As cabines sem varanda têm o mesmo tamanho e grandes janelas para o mar, para garantir que ninguém perca a Antártica de vista nem na hora do descanso. As suítes têm living e quarto em cômodos distintos e contam também com banheira dentro da área do box.
Como em um novo hotel que acaba de ser inaugurado, o serviço a bordo ainda está sendo afinado; mas o staff do SH Minerva é extremamente agradável e prestativo. A equipe de expedições é excelente e todos os desembarques que conseguimos fazer até agora (alguns foram cancelados em função das condições climáticas, infelizmente) foram extremamente proveitosos e bem organizados. E há frequentemente palestras ligadas ao destino durante os horários e dias de navegação.
Há apenas um único restaurante operando, com gastronomia correta. Buffet no café da manhã e no almoço, à la carte no jantar. Para quem quiser fugir dos bufês, ao menos parcialmente, há room service disponível 24h – e incluído na tarifa. Bar aberto, minibar, todos os passeios, transfers e até os tickets aéreos entre Buenos Aires e Ushuaia também estão incluídos (apenas saídas em caiaque são cobradas à parte).
Há uma pequena piscina, jacuzzi e sauna a bordo, mas infelizmente estavam todos desativados (“em manutenção”) durante toda minha viagem. O SH Miner oferece também serviço de wifi gratuito (intermitente, mas suficiente para trocar mensagens de whatsapp, abrir emails e eventualmente subir fotos em redes sociais), uma mão na roda no fim do mundo. Como garantia extra, viajei também com um chip excelente da O meu chip para a Argentina, que funcionou durante toda a travessia do Beagle – inclusive com ótima qualidade para upload e download de vídeos.
CRUZEIROS EM TEMPOS DE PANDEMIA
Vale notar que não há muitos “protocolos Covid” a bordo. É obrigatório estar vacinado com pelo menos duas doses para embarcar e todos passageiros e tripulantes são testados (antígeno) no começo e no final da viagem, durante as duas passagens pelo Drake, conforme as exigências das autoridades argentinas. Aqueles eventualmente contaminados são “quarentenados” em sua própria cabine.
Obviamente é obrigatório ter seguro viagem com cobertura Covid. Nesta viagem especificamente estou usando o novo seguro com cobertura “Covid Extra”, da Assist Card, que cobre remarcação de passagem, prorrogação de estadia e envio de acompanhante (se for indicação médica), em caso de contaminação e necessidade de quarentena antes do retorno para o Brasil.
Há curiosamente apenas duas estações de álcool em gel para os passageiros (unicamente na entrada do restaurante e do Club Lounge) e não há obrigatoriedade de uso de máscaras nem dentro do navio (a tripulação usa sempre, mas somos bem poucos os passageiros que usamos).
ANTÁRTICA: VIAGEM DOS SONHOS
As viagens turísticas ao continente antártico aumentaram bastante na última década. A procura maior tem gerado também nova demanda por navios e temporadas um pouquinho mais longas para muitas armadoras. Mesmo nestes tempos pandêmicos, a temporada 2021/2022 já começou a mostrar sinais de recuperação.
A Antártica sempre fez parte dos meus sonhos viajantes. Afinal, não é todo dia que temos o privilégio de chegar ao continente gelado, não por acaso chamado por muitos de “a última fronteira”. Tenho mostrado o dia-a-dia da viagem, passeios e atividades a bordo no meu instagram @maricampos desde o começo do itinerário e tem sido legal observar quantos apaixonados pelo destino estão acompanhados, vidrados, os relatos cotidianos.
Mais legal ainda que isso tem sido ver tantos leitores e seguidores fiéis me mandando mensagens dizendo que nunca tinham cogitado viajar à Antártica por não saberem que poderia ser uma viagem tão rica em memórias e tão espetacular visualmente, e que agora já sonham com uma viagem para cá em algum momento.
A fartura da vida selvagem (diferentes espécies de pinguins, focas e pássaros, orcas e outras baleias, por exemplo) e a beleza arrebatadora de suas paisagens são constantes, até nos dias mais feios: uma surra de icebergs, glaciares, placas de gelo, montanhas, vulcões… todos os dias por aqui, o difícil é escolher para onde olhar ou o que fotografar.
Ainda vou contar bastante sobre essa viagem à Antártica com o SH Minerva por aqui. A temporada turística no continente está terminando (vai geralmente do final de novembro ao comecinho de março, anualmente) mas, para quem sonha em conhecer o destino, já é tempo de pensar na temporada seguinte. Enquanto as próximas colunas não chegam, aproveita para me acompanhar ao vivo lá no instagram @maricampos. Quem sabe o continente branco não entra também nos seus sonhos de viagem para a próxima temporada?
FONTE: Estadão (https://viagem.estadao.com.br/blogs/sala-vip/antartica-um-novo-navio-para-viagens-ao-continente-gelado/)