Disco trará faceta mais sofisticada de Alex Turner que, aparentemente, anda ouvindo Os Mutantes
A se julgar por algumas das primeiras resenhas publicadas na imprensa internacional, os Arctic Monkeys estão prestes a lançar um álbum que poderá muito bem assumir o posto de grande trabalho do quarteto, tanto ou mais que “AM” (2013) e “Whatever People Say I Am…” (2006). O NME deu cinco estrelas para o trabalho e a Mojo quatro, enquanto a revista Uncut o considerou nota 8. Outros jornalistas foram mais comedidos, como na resenha publicada no site Consequence of Sound, mas ainda assim viram pontos positivos em “The Car”, que será lançado nesta sexta-feira, dia 22.
As críticas trazem pontos em comum. Todas dizem se tratar de um trabalho mais sofisticado, com faixas mais lentas e muitas orquestrações. Ou seja, mais para uma sequência de “Tranquility Base Hotel” (2018), o álbum anterior, do que um retorno à sonoridade mais pesada dos discos iniciais.
A Mojo talvez tenha entendido melhor a dinâmica atual do grupo ao dizer que existem duas bandas operando simultaneamente: uma mais agitada, que anima multidões ao vivo, e outra mais introspectiva, a faceta que eles vêm mostrando em estúdio.
A resenha lembra que essa queda de Alex Turner por sons mais sofisticados, já vem desde a época do The Last Shadow Puppets, o projeto paralelo dele com Miles Kane, mas que agora essas influências estão bem mais convincentes e sem soarem como meros pastiches.
Mas quais seriam esses artistas “sofisticados” que andam fazendo a cabeça de Turner? A pista veio na crítica do NME, que cita uma playlist, chamada “Del Schawrz” – que apareceu no Spotify e pode ser ouvida no fim da matéria – que, tudo leva a crer, foi criada pelo próprio Alex.
A lista tem pop francês, entre eles o ultra cult Michel Polanareff, muita música de trilhas de filmes europeus, especialmente dos anos 70, e três músicas de brasileiros: “Tuareg”, de Jorge Ben Jor, na voz de Gal Costa, “Pega A Voga, Cabeludo”, de Gilberto Gil, na versão ainda mais psicodélica feita pelos Brazões, e “Quem Tem Medo de Brincar de Amor?”, grande clássico dos Mutantes.
O interesse pela música do Brasil não é novidade. Na época de “Tranquility Base Hotel…” Alex disse que o álbum de estreia de Lô Borges foi um dos que mais ouviu enquanto compunha as músicas para aquele trabalho.
Para o NME, “The Car” prova que o AM é a única banda de sua geração que ainda está operando em seu mais alto nível de excelência. A resenha da Uncut segue pelo mesmo caminho ao perguntar se já tivemos outra banda que esteja lotando estádios ao mesmo tempo em que faz uma música com tantas nuances como essa.
Menos esfuziante, a crítica do Consequence diz que “The Car” não traz nem uma “volta à velha forma” e também não é uma guinada radical como a vista em “Traquility…”. Para o crítico que fez o texto, trata-se de um disco que, apesar de ter alguns momentos de pico, no geral está abaixo do que o quarteto já fez. Para saber quem tem a razão será preciso esperar mais três dias quando “The Car” poderá ser ouvido por todos os fãs.
O LP chega pouco antes da visita dos ingleses ao Brasil. Os Arctic Monkeys tocarão no Rio de Janeiro (4 de novembro na Jeunesse Arena), São Paulo (5 no festival Primavera Sound) e Curitiba (6 na Pedreira Paulo Leminski). No Rio e Curitiba o Interpol será a banda de abertura.
FONTE: Vagalume (https://www.vagalume.com.br/news/2022/10/18/the-car-novo-album-dos-arctic-monkeys-e-coberto-de-elogios-pela-critica-estrangeira.html)