Curso é ofertado na modalidade tecnológica e abrange diferentes áreas de atuação
O futebol, assim como é praticado atualmente, chegou ao Brasil em 1894 trazido pelo paulista Charles W. Miller após passar uma temporada de estudos na Inglaterra. Um par de bolas e um livro com as regras do jogo trazido de terras inglesas foram o pontapé para a prática do esporte no Brasil e que, anos depois, se tornaria o mais popular país – tanto que temos até um dia especifico – o 19 de julho – marcado como Dia Nacional do Futebol.
Passados todos esses anos, o futebol se tornou uma paixão nacional, jogado de modo amador em um campo simples de bairro até de maneira profissional reunindo multidões de torcedores em grandes estádios. Embora muito do que seja ressaltado fique por conta da atuação dos jogadores em campo, o esporte é muito mais abrangente e envolve diferentes profissões.
Até porque, como explica Michel Aguiar, 37 anos, fisioterapeuta do Esporte Clube Vitória, sem uma equipe multidisciplinar ao redor dos jogadores, eles não teriam o mesmo destaque em campo. “Não existe atleta de alto rendimento sem uma equipe multidisciplinar por trás dele. Sem essa equipe, o jogador não consegue atingir seu pico e se manter nele. Médicos, Fisioterapeutas, Nutricionistas, Psicólogos, Enfermeiros, Preparador Físico atuantes são essenciais na vida de um atleta”, destaca o profissional que possui 13 anos de formação, com atuação desde então ligada à fisioterapia esportiva.
Michel explica que a principal diferença entre essa fisioterapia e a voltada para não atletas é a pressão para que o jogador volte o quanto antes para as partidas. “Existe uma pressão por todos os lados pelo retorno e temos que ter muito discernimento para lidar com isso! Lidamos com atletas de alto rendimento, então o principal cuidado é não expor o atleta a uma re-lesão ou mesmo a uma nova lesão”, explica Michel.
Cuidando há 12 anos dos jogadores do Vitória, ele conta que o maior incentivo para seguir na fisioterapia esportiva, além do amor pelo futebol, foi o importante papel que a profissão teve na Copa do Mundo de 2002. “A fisioterapia teve destaque mundial ao recuperar Ronaldo Fenômeno, que viria ser o principal jogador naquele ano”, recorda.
Convocado para atuar no Torneio Internacional pela Seleção Brasileira Sub-20, Michel se sente extremamente realizado por poder representar o país e tem como meta continuar se dedicando para – quem sabe um dia – atuar numa Copa do Mundo com a equipe principal. “Um lugar onde qualquer profissional de qualquer área quer estar. Sem dúvidas, a cereja do bolo”, sonha.
Aos futuros colegas de profissão que querem fazer carreira na área esportiva, ele tem como conselho: o estudo constante. “É preciso muita dedicação, se especializar sempre e nunca parar de estudar! Tem que acreditar e batalhar dia a dia para que seu trabalho seja reconhecido. E nunca se esquecer de sonhar. Eu cheguei onde estou porque sonhei e trabalhei exaustivamente para ele se realizar”, finaliza.
Esporte tem até graduação
Do século XIX aos dias atuais, a paixão pelo futebol evoluiu tanto que até uma formação acadêmica específica para o esporte existe. O curso de Futebol é oferecido por diferentes instituições de nível superior com titulação tecnológica. Esse tipo de graduação tem de dois a três anos de duração, com conteúdos variados que envolvem temas desde o jogo de futebol propriamente dito (como tática, técnica e treinamentos) até os conhecimentos fora de campo que influenciam o planejamento e rendimento do atleta e das equipes, como nutrição, gestão e marketing esportivo.
Os profissionais formados neste curso podem atuar em diferentes áreas como Gestão Técnica e Administrativa de Futebol, Análise de Desempenho, Marketing de Marcas Esportivas e Organização de Eventos ligados ao Futebol. Já a grade curricular dos cursos pode ter disciplinas como Arbitragem em Futebol, Legislação Esportiva do Futebol, Marketing Esportivo, Gestão e Esportes e Treinamento Desportivo, explica a plataforma educacional Educa Mais Brasil.
O Educa Mais Brasil, em parceria com instituições de ensino de todo o país, oferece bolsas de estudo de até 70% de desconto em diferentes modalidades de ensino. No site do Educa é possível encontrar bolsa de estudo para o Curso de Futebol com 30% de desconto em parceria com a UniDrummond. A graduação, no entanto, é disponibilizada pela instituição apenas em São Paulo.
Administração também é coisa de futebol
Jonas Sousa é administrador de empresas por formação, mas dedicou mesmo a sua profissão ao futebol. Ele é responsável pela FairPlay Agency no Brasil, agência boutique de futebol criada há mais de 20 anos, na Suíça, pelo ex-jogador Dino Lamberti. No Brasil, Jonas faz a ponte entre olheiros e jogadores amadores e profissionais que querem construir carreira no exterior.
O seu trabalho envolve, ainda, prestar assistência e assessoria a esses atletas e seus familiares em diferentes áreas, como as mais burocráticas que envolvem profissionais como advogados desportivos, por exemplo. “Pode ser que quem esteja vendo de longe ou seja muito fã de futebol pense que é só aquilo ali dentro de campo, mas realmente tem muita coisa envolvida. São muitas informações e situações que lidamos, seja do próprio jogador, o nosso cliente, como da família”, explica Jonas, que destaca ainda que gerir a carreira de um atleta tem como foco principal garantir a atuação dentro de campo com mais tranquilidade.
“Quando um atleta não tá bem dentro de campo e isso se repete por várias partidas, pode ser que outras coisas estejam acontecendo extracampo. É um atleta envolvido em contextos que geram muita ansiedade e preocupação, então é importante ter uma equipe que lide com as outras demandas que ele possui fora de campo”, explica Jonas, acrescentando que esse cuidado envolve até mesmo indicar os melhores caminhos para os jogadores investirem os seus ganhos, já que o futebol é uma profissão conhecida por aposentar os atletas mais cedo.
Quando o foco é ir para outro país, o trabalho de Jonas e de empresas como FairPlay Agency envolve o cuidado com o visto e outras documentações dos jogadores, renovação contratual e o relacionamento com os empresários. “Muita gente não sabe que os clubes têm certa limitação, eu não digo financeira, mas de dar conta de tudo aquilo que envolve os atletas. Atuamos para suprir essa janela”, reforça. Atualmente, a FairPlay atua com 11 profissionais fixos entre Brasil, Suíça e Emirados Árabes e outros prestadores de serviço na parte jurídica, de nutrição esportiva e fisioterapia.